A expectativa em relação à nova novela da autora era alta, já que ela foi responsável pela maravilhosa A Vida da Gente, de 2011. Mantendo duas de suas melhores características - os belos e inspirados diálogos, e personagens sem maniqueísmo -, Lícia retorna à telinha em plena forma, com uma história tão envolvente e bonita quanto a sua trama anterior.
Contando a saga de sete jovens, filhos de um mesmo doador biológico, narrando seus conflitos, dificuldades e dilemas, mostrando diferentes estruturas de família, a trama se mostra moderna e atual, ao mesmo tempo que desenvolve temas clássicos de um folhetim, como o amor proibido entre irmãos, conflitos por diferenças sociais ou um personagem que é dado como morto, mas que sobreviveu.
Outro destaque é a direção de Jayme Monjardim, que apesar de não casar muito bem com os trabalhos mais recentes de Manoel Carlos (Viver a Vida e Em Família), combina perfeitamente com as situações criadas pela autora. É uma parceria que já deu e continua dando certo: o diretor consegue captar o tom intimista dos diálogos da Lícia.
Mas o que seria dos belos diálogos e boa direção nas mãos de atores medianos? O elenco enxuto foi muito bem escolhido, e vem fazendo bonito em cena. O trio Domingos Montanher, Debora Bloch e Ângelo Antônio vem se saindo muito bem, mostrando-se todos muito maduros em atuações minuciosas e inspiradas.
No núcleo jovem, destaque absoluto para Isabelle Drummond, uma das melhores atrizes de sua geração; Jayme Matarazzo demonstra bastante evolução em relação aos seus últimos trabalhos, apresentando um simpático e carismático protagonista. Outra grata revelação, Fernando Belo, destaque de Saramandaia, consegue fazer do seu Edgard um tipo bastante humanizado.
Apesar de praticamente repetirem os seus personagens da última novela da mesma autora, Maria Eduarda de Carvalho e Gisele Fróes aparecem muito seguras em cena, que por sinal exigem bastante das atrizes. Outros bons destaques do elenco são Ghilherme Lobo, Cyria Coentro, Mariana Lima, Leonardo Medeiros, Letícia Colin, Cláudia Mello, Walderez de Barros, Fernando Alves Pinto e Selma Egrei.
Por enquanto a audiência da trama segue discreta, na faixa dos 19 pontos, nada muito diferente das novelas anteriores, Jóia Rara e Boogie Oogie. Sete Vidas parece focar mais na qualidade de sua história, direção e atuações domine em números de Ibope; mas ainda assim a trama tem potencial para prender por bastante tempo a atenção dos telespectadores. Se continuar como neste primeiro mês, teremos um clássico novelão da melhor qualidade.